quarta-feira, 5 de novembro de 2008


BANCO DO BRASIL
Um Banco do Cacete.

Deu no SeFodeAi:

"...Chegando na agência, não podia deixar de ficar presa numa daquelas adoráveis portas giratórias que travam ao menor sinal de metal.
"



PIPIPIPIPIPIPI...
-Cidadão, o senhor tem algum telefone celular, chaveiro, ferradura pra dar sorte, faca ou revolver na sua bolsa?

Claro que nunca se lhe foi perguntado sobre o revólver, mas o nobre leitor já deve ter passado por uma situação semelhante nas famosas portas giratórias dos bancos no Brasil. Fora o constrangimento, o importúnio é algo que não há como esquecer.De repente voce se vê num espaço de 1 metro quadrado ( na verdade 78.53 decimetros quadrados com PI de calculadora do windows) sem poder seguir seu instinto natural de humano que é andar prá frente.

De repente você se questiona se voce não é realmente um assaltante ou, pior, senador tentando fazer a limpa no banco. De repente, você está entalado naquele dispositivo máximo de segurança vasculhando sua bolsa em busca de pertences de metal que pudessem ter disparado a traquitana. Saem o celular e o chaveiro e vão prá caixinha de acrílico. Você tem que dar um passo prá trás, e tentar entrar de novo. Seu celular e as chaves estão dentro de um prédio em que a principio você nao pode entrar.


PIPIPIPIPIPIPI...
- O Senhor não tem mais alguma coisa de metal em seus bolsos? Moedas, chave do carro...
Voilà - pronuncia-se voa-lá, para os que não são os meus cinco inteligentes leitores - Claro!!!..As chaves do carro. De quebra, vou colocar algumas moedas que me fazem parecer um assaltante de bandeja de donativos de igrejinha do interior.


PIPIPIPIPIPIPI....Penso: Engraçado...Este som está me fazendo lembrar de algo, mas nao sei o que é...
- O senhor não têm óculos, ferramentas em sua bolsa, discman, mp3, mp4, mp5, mp6, mp7...?

- Amigo, se eu tivesse ferramenta, furaria o olho do gordo que está me esperando desentalar eletrônicamente desta porta prá ele se entalar fisicamente.

- Entendo o senhor, mas o detector de metais...

- Fala sério, amigo. Você acha que eu tenho tanta cara de bandido assim?

- Talvez se o senhor tirar esta barba meio falhada e estes raybans paraguaios...

- Rayban paraguaio é o ...

- Sinto, senhor. Mesmo que o senhor fosse o papa, e tocasse o detector, sua pessoa não passaria enquanto não deixasse as pessoas dos pertences de metal na caixinha.

- Quem dera ser o papa, pelo menos eu te excomungava depois!

- Tô nem aí! Eu sou evangélico! O senhor tem mais alguma coisa de metal? Talvez moedas na carteira?!

Saquei a carteira. Não havia moedas, mas havia um enfeite de metal tipo fivela. Vai minha carteira prá já enfurnada caixinha de acrílico. Passinho prá frente, passinho prá trás e... PIPIPIPIPIPI...

Isto já tá parecendo comercial do Zorra total.

- O Senhor não tem cordões, pulseiras, brincos?

- Fala sério...Sou espada!

Dois policiais vêm verificar o que é a aglomeração de boys na porta do banquinho mequetrefe.

- Piercing?!

- Pensando bem, eu desisto. Vou embora e volto outra hora. Você me passa meus pertences de volta?

- Não dá... a tampa da caixinha só abre prá dentro! Só dá prá pegar por aqui!

- Então me deixa ir pegar!

- Também não pode...O senhor está portando algum objeto de metal!

- Então pede prá alguém que for sair trazer!

- Só se o senhor passar uma procuração com firma reconhecida autorizando a pessoa a retirar seus pertences.

- Mas tudo que eu tenho tá aí dentro...Não tenho dinheiro prá ir pra casa, documentos prá fazer uma procuração, chaves do carro prá ir embora nem chaves de casa prá entrar.

- Sinto muito, mas a regra é clara!

- Clara como a noite!

- Como?

- Não...não come...você é evangélico!

- Hein?!

- Esquece! Cê não ia entender. Só quero pegar minhas coisas e ir embora.

- Só tem duas maneiras: ou mostra os objetos de metal, ou arranja uma procuração.

- Mas não posso te mostrar o objeto de metal.

- Uai! E por que não?

- Porque são uns piercings.

- E daí moço! Já vi muito! Tem uns maluquinhos que põe na boca, na orelha, na sombrancelha, no umbigo...

- No pinto...

- Eita! No pinto que o senhor tá falando é um brinco no pau?

- Um não...quarenta e cinco!

- Vixe, minha nossa senhora. Esse povo endoidou de vez.

- Agora que voce já sabe o que é, posso entrar?

- Não!

- Porque?

- Não sei o que é o objeto de metal. O senhor me falou, mas falar, até papagaio fala.

- E...?

- E...o senhor vai ter que mostrar o bilau blindado.

- Pera aí...Mas isso é um lugar publico.

- Não interessa. Ou mostra ou vai embora!

- Mas eu vou ser preso! Olha os dois PMs aí!

O seguranca explica a situação para os PMs por uma fresta no vidro e eles autorizam que seja mostrada a evidencia metálica.



O bilau é exibido, os piercings são contados o povo na rua a esta hora esqueceu de suas contas prá pagar, dinheiro prá sacar e compromissos financeiros só prá ver o bilau metálico do homem de ferro. Ouviu-se de todas as gracinhas possíveis. Ouviu-se se com aquele pau dava prá ver Directv, rádio de ondas curtas, se ele já fisgou pescadinha, se devia ser limpo com sabonete ou com bombril, se ele já comeu muita menina CDF e por aí vai. O Pau-de-Ferro virou assunto de mesa de bar de muita gente.

-Bom...Você ja viu o objeto metálico. Posso entrar agora?

-hmmmmmm, Não.

- Que foi agora. O fato de você ter me mostrado que usar brinco no pau não quer dizer que seja a única coisa de metal. Vou pedir pros PMs prá tomarem conta de suas coisas e voce acha um bar prá tirar esse trem no banheiro.

- Tá bom..tá bom...

E assim fui. Achei um pé sujo nojento. Pedi um copo de água torneiral e tomei a caminho do banheiro. Retirei todos os meus piercings do pinto. Que ficou com umas pelancas penduradas nas porções de pele preenchidas pelas hastes metálicas. Guardei as jóias no copinho de água mineral e tornei ao banco.

-Pronto. Tá aqui o copinho com todos os piercings. Aproveitei e tirei tudo que eu tinha de metal comigo, até os ilhois do sapato e uma obturação antiga.

Agora eu posso entrar sem preocu...
PIPIPIPIPIPIPIPI

- aaaaaaahhhh, não é possível! Não tem mais nada de metal comigo.

- Tudo bem, pode entrar, essa porta vira e mexe encrenca com alguém.

[]s
O Carioca

ps: Este post é meu mesmo e estava esquecido no meu Blog Velho. Até tentei pensar em algo novo, mas eu simplesmente adoro essa croniquetazinha e não conseguiria fazer nada melhor. Se você gostou tanto dela e for mandar por e-mail pra alguém, por favor, não diga que é do Veríssimo nem do Jabor, tá?

16 comentários:

  1. ainda bem que não era o Away de Petrópolis... já imaginou, "pírci nu cuzínhu"?

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  2. Ninguém pode dizer que ele não é um cabra macho...machucado... e murcho!! hehehehe

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  3. caraca, se a porra da porta volta e meia encrenca com alguém pq não deixou o pobre passar logo???
    tadinho.
    bjs

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  4. Vc realmente é único!!!hahahaha
    Vou pensar muito antes de colocar um piercing!!!

    Bjs, Kari.

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  5. Ai, que angustiante ler esse texto. Dá vontade de pular pras linhas, segurar a porta do banco e deixar o sujeito do pinto blindado entrar. Aff, que agonia!!! rsrs
    Bom, tenho piercing (no umbigo, rs) e nunca passei por esse inconveniente. Já fui travada em porta de banco diversas vezes, por vários motivos, mas nunca pelo piercing. Isso porque eles são feitos de aço curúrgico, um tipo de material frio e que a porta ñ detecta. Sorte minha, né?! hehe

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  6. Engraçado. Achei que os comentários fossem mais sobre a foto do que sobre o texto. Vou tomar como elogio isso!

    []s
    O Carioca

    @Pimenta: Tantas são as pimentas, se especificar é melhor. Vai que eu sou alérgico a um tipo específico de pimenta.

    @Anonimo: Não seja tímdo, seja - menos ainda - anónimo. deixe uma referência pra eu saber quem voce é

    @Kari: Obrigado pelo carinho. Bem-vinda. Volte sempre

    @eu: Cada um de nós é um eu! São tantos eus! Mas cada eu é um tu diferente. Portanto, assine também, por favor! Nem que seja com o pseudonimo de seu alter-ego como, o meu tu, eu.

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  7. muito da hora super engraçado kkkkk mas é muito esquisito essa "coisa" blindada....

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  8. Pois é... Mas TU sabe que EU sou eu!
    Somos eus tão diferentes, que vc até adivinha quem é o eu da vez.
    Descobrir o meu eu fica nas entrelinhas. Agora, já q tu faz questão, tudo bem, o pseudonimo do meu alter-ego passa a assinar!
    Bjos =)

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  9. @Menina:
    O teu TU o meu EU só não conhece mais a fundo porque você não deixa. É mais pelos meus outros 5 leitores pra que eles não se percam nas histórias.

    []s
    O Carioca

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  10. Ok, ok.. Isso já virou novela mesmo. hehehe
    O meu EU sabe bem qual é fundo que o teu Tu quer conhecer... rs

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  11. Que bom. Então só falta tomar providências. Não é o meu EU que pode tomar providências quanto a isso.

    []s
    O Cario

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  12. Pois é, sempre soube das suas (reais) intenções...
    Agora, tomar providências?! Aí já é outra história pra contar! hehehe
    Bjos ;)

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  13. Ô Carioca,fiquei sumida um tempão.Agora resolvi procurar os amigos,conhecidos e comentaristas ocasionais do meu blog.Te achei,passeando pelos blogs amigos.Fez muito bem em criar outro blog.Aquele coletivo estava estacionado um tempão.Não tive dúvida em ler este aqui completo.Ri pra caramba!Esse negócio de chinês comer pau de jumento é mto nojento!argh!Mas é engraçado.Agora,a situação na porta do Banco,com direito a foto de bilau blindado está hilária!E o diálogo é de matar de rir.Adorei.Só espero que vc não pare de postar.Bjssssss

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  14. Adorei!! rolei de rir!!
    Fiquei pensando no trabalho que daria pra minha amiga (que arrancou o piercing do pau do namorado numa transa) se ela resolvesse ter um encontro com esse cara da foto...
    Quanto à porta giratória, eu chego no Banco do Brasil com a minha bolsa enorme, cheia de coisas de metal, de plástico, de pano, de sei-lá-o-que e abro, bem abertinha pro guarda. Depois, quando faço que vou esvaziar, eles abrem a trava pra mim. ;)

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  15. Continua o bilau blindado...até qdo? O conto é ótimo e,quem escreve assim,tem muita criatividade.Deixa fluir,ô Carioca!!!
    bjs, LuCordeiro

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  16. Cara, excelente crônica!

    Cheguei aqui sem querer e gostei muito do texto.

    Posso me considerar o sexto leitor? Há!

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